quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Dia 3

Dizem que escrever sobre seus sentimentos ajuda a se conhecer melhor.
Mas é que eu não quero me conhecer.
Eu PRECISO me RECONHECER.
Me perdi entre lágrimas, apegos, perdas e dias intensos de trabalho.
Quando vi, estava trancada no meu quarto. Isolada do mundo.
Não faz muito tempo que venho percebendo que uma amiga antiga tem me visitado constantemente. O problema é que em sua última visita ela resolveu ficar.
Começou a dizer que eu não era capaz. Que eu era fraca. Que ninguém me amaria porque eu mesma não me amo.
E eu acreditei.
Eu fiz coisas. Disse coisas. Pensei coisas.
E percebi que algo muito errado acontecia.
Não era eu.
Era ela.
Ela querendo tomar conta de tudo o que é meu.
Então eu fui procurar ajuda.
Procurar alguém ou alguma coisa que me orientasse sobre como mandá-la embora.
Então me passaram remédios.
Comecei a me consultar uma vez por semana com um anjo em forma de gente.
2 anos de tratamento para que ela vá de vez embora.
2 anos.
E hoje é só o terceiro dia.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

"...e eu, no Mundo"

Para, respira, e pergunta a si mesmo: "E aí, como estamos?" Um tsunami de sentimentos aparece.
Sim...vários sentimentos ...ao mesmo tempo!
Sinto em mim uma força tão grande, que às vezes penso não conseguir sustenta-la, e meu corpo entende como cansaço.
Treme. Amolece. Deita. O corpo dorme, mas a mente ainda trabalha. Respiro mais uma vez, e parece não entrar oxigênio suficiente para preencher - me.
Me sinto grande, presa num espaço pequeno.
A menina se apaixonou. Inteiramente. Profundamente.
Se encontrou frágil. Exposta. Sua alma despida, liberta teus medos mais ocultos, enquanto guarda o maior segredo de tua jovem vida.
Minha felicidade se enaltece a partir daquele sorriso.
E me pergunto pelo menos quinze vezes ao dia, como mantê-lo vivo? Como ter o teu abraço sempre acessível às minhas inseguranças?
Enquanto o mundo se desmonta lá fora, por dentro eu choro.
Vejo o menino vendendo balas, enquanto suas roupas surradas deveriam ser uniforme de escola e no lugar das balas, livros e uma corda para pular no fim de suas atividades.
E o roxo no olho da mulher, deveria ser maquiagem ou o que ela quiser, mas não um soco mulher, soco não.
Me embaralho em palavras. Me alegro com notícias felizes.
Me irrito com o homem que mente, que maltrata, que mata.
Perdi o ar. E ao me reencontrar naqueles olhos emaranhados de desejo e vida, recordo da menina que apaixonada vive, encontrando cada dia um novo motivo para que seu coração continue a bater.
Mudando de compasso a cada nova descoberta.
Permitindo sentir, na boca do estômago, a força vital que nos rege.
Vinte e dois anos, e ainda estou aprendendo a viver.
Terei setenta, e ainda não saberei se vivi o suficiente.
Porque eu sou o mundo, e eu no mundo, me mantenho a caminhar, um dia perdida, um dia esbarrando em minha própria sombra que flutua, como letras bailando em uma canção de ninar.
Amo. E porque amo, a eternidade vive dentro de mim.

domingo, 20 de agosto de 2017

Quem eu sou, supostamente.

 Uma vez me coloquei a pensar.
 Quem eu sou?
 Que pergunta maldita que me atormenta e me enfurece todos os dias há 22 anos!
 Eu sou uma garota de cabelos ruivos (não mais), mas que quer ficar morena, só não tem coragem (Opa, parece que tivemos uma superação aqui, não é mesmo?!).
 Mas ainda sim ela é valente. Só não sabe ao certo o quanto.
 Sou um ser que sonha em ser livre, mas que não sabe por onde começar.
 Uma garota que acredita em magia e torce para que fadas existam de verdade, porém, a mesma, perde a fé no amor de um romance a cada dia que passa.
 Aquela que sonha em formar uma família, mas que ainda não sabe lidar direito com a que já tem.
 O coração, bom, não digo partido, mas remendado. Que se conserta sozinho, e que aprende a viver assim, com várias pessoas ao redor, porém sozinho, bem, com ela mesma. Às vezes é o suficiente. Ás vezes não.
 Indecida.Ansiosa.Teimosa.Sensivel.Arrogante, porém de bom coração. Não descartando a escuridão que vive dentro dela. Afinal, todos nós temos um lado obscuro e aquele que sempre estará a favor da luz. Pois sabemos, que ninguém é perfeito. Absolutamente.
Gosto de ouvir e escrever estórias e saber sobre a história, do mundo, do universo em qual vivemos, e das infinitas possibilidades.
 Eu sou meio assim, não recuso um bom e bem feito prato de comida, porém não queira que eu vá gostar se a comida estiver temperada demais. Odeio exageros assim. Mas eu amo uma bandeja cheia de doces! E pimenta não é meu forte. Prefiro o bom e clássico alho e óleo.
 Enquanto a música? Bom, poderia dizer que a grande diferença entre mim e certas pessoas que se fecham para o mundo é que enquanto você ignora a música no rádio, eu canto junto dublando na janela do ônibus.
 Eu faço meu show debaixo do chuveiro. E estreio meus próprios filmes para as paredes todas as noites. Meu quarto é minha própria galaxia. E eu flutuo no tempo que não para. Mas que posso congelar por alguns segundos se eu prender a respiração talvez, ou se ao menos, tirar uma foto. Aquele momento ficaria registrado pra sempre.
Bom, a questão é que no fim de tudo, quem eu sou, supostamente, eu não faço a menor ideia.

Letícia Lyns




sábado, 10 de dezembro de 2016

Caso.

Ela não é mais uma menina.
Passou da hora de crescer.
Ela não deixou de acreditar em contos de fadas
Apenas aceitou que príncipes encantados não existem
Ou que talvez ela nunca será uma princesa.
Disseram que ela não poderia
E ela precisou acreditar.

"Para com isso menina e ocupe a cabeça com coisas úteis.
Ninguém te buscará em torre alguma, liberte-se você mesma!"

E ela o fez.
Aprendeu a ficar sozinha.
A não sentir.
Não precisar de ninguém.
A ser ninguém.
O único problema, é que não conseguia desaprender.

"Prenda o cabelo"
"Use batom"
"Use vestido"
"Troca essa roupa"
"Nunca vai ser alguém na vida"

O que fazer com um coração assim?
Olhou no espelho e não se enxergava mais.

"Volta pra mim"

Algo gritava.
Rasgou as regras e vestiu-se de listras
Cacheou o cabelo
Cuspiu no chão e disse "FODA-SE"!
Suas asas começaram a aparecer
Cores por todos os lados
O príncipe não chegaria
Mas quem chegasse teria que aprender
A dividi-la com ela mesma sem reclamar
A lidar com seu jeito meio "Amelie" de ver o mundo
E de escutar as piores musicas e ainda não poder dividir o bacon.
Ela nunca, nunca mais precisou desacreditar ou acreditar.
Era apenas caso de ser.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Currículo Teatral

Como atriz:

·         Amor em cores – Lola: Cep em artes Basileu França; 2010.

·         O baile (Adaptação do texto O baile do grupo Galpão) – Maria das Graças: Cep em artes Basileu França; 2011.

·         O Lúdico Circo da Memória (Adaptação do Texto do Grupo Galpão) – Tiodolinda criança e Mulher misteriosa: Cep em Artes Basileu França; 2012.

·         Musical Agora é tarde, Inês é morta (Adaptação do texto original) – Cortesã e Princesa Constança de Castella: Simpósio Nacional de Musicologia e Encontro de Musicologia Histórica; Pirinópolis; 2013.

·         Cármen y Cármen (Adaptação da ópera Cármen de Bizet) – Frasquita: Cep em artes Basileu França; 2014.

·         O estudante (Adaptação do livro O estudante) – Lídia: Sobreventos produções artísticas; 2014.

·         Era uma vez – Jessie (Toy story) e Fada Madrinha da Cinderela: Sobreventos produções artísticas; 2014.

·         Fama o Musical – Judy: Cep em Artes Basileu França; 2014.

·         A Fantástica Fábrica de Chocolate – Veruca Salt: Studio Seasons de Ballet; Brasília; 2014.

·         O Mágico de Oz – Glinda e Tia Emy: Centro de Artes Gustavo Ritter; 2014.

·         Chapeuzinho Vermelho O Musical – Chapeuzinho Vermelho: Krya Cia de Teatro; 2015.

·         A Familía Addams O musical – Wandinha Addams: Krya Cia de Teatro; 2015.

·         Um sonho de ser Amy – O musical - Sarah : Sobreventos Produções Artísticas; 2016.

·         Cinderela – O Musical – Anastácia, irmã má : Sobreventos Produções Artísticas; 2016.

·         Alice de volta às maravilhas – O Musical – Alice: Colégio Imaculada; 2016.

·         O Mágico de Oz – O Musical – Dorothy: Colégio Tip Toy; 2016.

·         A Fantástica Fábrica de Natal – Fada Clara: Stúdio Kassandrex


                  
Como assistente de direção:

·         Cármen y Cármen (Adaptação da ópera Cármen de Bizet) – Frasquita: Cep em artes Basileu França; 2014.


quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Outra Chance - Parte 3



Parte 3

                      O DOUTOR DEUS.

- Boa tarde Lola, como você está?

 E tem como estar ruim com essa visão do paraíso? Sério, meu psicólogo era um Deus em forma de gente!

- Estou bem. Na verdade não sei nem porque eu estou aqui. Olha só minha cara de feliz! – Abri um sorriso irônico e ele sorriu também. - O que eu tenho doutor? É grave? Vou precisar  colocar a camisa de força?
- Me diz você. Porque te mandaram aqui?

Respirei fundo.

- Meus pais acham que eu surtei desde que meu namorado morreu.

Ele me olhou como se eu acabasse de dizer algo muito fácil.

- O que foi?
- Fala como se fosse a coisa mais natural do mundo.
- E não é? Todos morrerão um dia.
- Com toda certeza. E como isso te afeta?
- Eu não estou entendo sua pergunta doutor. Isso aqui virou uma entrevista?
- Lola, eu entendo o que está tentando fazer, mas uma hora terá que deixar isso tudo sair de dentro de você.
- De verdade, não sei do que está falando.

Ele me olhou torto e anotou alguma coisa na prancheta velha dele.

- Lola, me diga a primeira coisa que vier a sua cabeça.

Eu ri.

- Desculpa. Como?
- Isso mesmo que você ouviu. Me diga a primeira palavra que vier a sua cabeça, sem pensar. Pode ser o que estiver sentindo ou algo que tenha vontade.
- Doutor como isso vai me ajudar?
- Você é desconfiada demais. Não me veja como seu doutor, me veja como seu amigo.
- Desculpa senhor...
- Mendes, Charlie Mendes. Mas pode me chamar de Charlie.
- Olha, isso aqui não vai rolar. Desculpa.

Ele olhou para meu braço enfaixado.

- O que houve com o seu braço?
- Eu me cortei com um caco de vidro.
- Algo se quebrou?
- Não doutor, eu me cortei. Me cortei de propósito. 

Ele anotou.

- Por que fez isso?

Eu não consegui responder. Respirei fundo antes que as lágrimas caíssem. Me levantei.

- É melhor eu ir. – E saí pela porta sem ouvir o que o Deus diria.

Entrei no primeiro banheiro à minha frente, olhei para o espelho e a imagem de uma garota desleixada, de cabelos ruivos mal presos e olheiras profundas surgiu na minha frente. Dei um murro no espelho para aliviar aquela angústia. Quando saí, um garoto alto e branco como leite, de tênis surrados e camiseta verde musgo apareceu em minha frente. Só podia ser ele mesmo, Will. O meu vizinho irritante.

- Esquentadinha! Você por aqui. Finalmente resolveu se internar?
- Se um dia eu me internar, a culpa vai ser sua.
- Hey! Calma aí okay? Você não é a única com problemas aqui.
- Você não sabe o que é ter um problema. Sua vida é perfeita. Você tem tudo e todos que ama. Então não me peça pra ter calma. Até mais Will.

 Saí, e fui andando para casa. Estava sem paciência até para esperar o ônibus.

 Cheguei em casa e subi as escadas sem olhar para os lados. Papai e mamãe provavelmente estavam sentados no sofá assistindo suas séries e Rebecca minha irmã mais nova, certamente não me viu chegar por estar ocupada demais pintando suas unhas. Bati a porta do quarto e então perceberam minha presença. Me joguei em minha cama e parecia que eu iria afundar e atravessá-la a qualquer momento com meu peso. 

 Olhei para o nada por um tempo, imaginando como seria se eu fosse completamente invisível. Em cima de uma mesinha de canto ao lado da minha cama, um caderno velho adormecia. Meu diário que apodrecia com minhas palavras vazias. Era uma das únicas coisas que me faziam bem naquele momento. Como de costume, o peguei e comecei a escrever para algum ninguém.

domingo, 2 de outubro de 2016

Outra Chance - Parte 2

Parte 2

Leia ouvindo: You Lost Me (Christina Aguilera) https://www.youtube.com/watch?v=WOKI_tIBWVI
                              Lola, a louca

Já se passaram alguns meses e eu ainda sinto o cheiro do seu perfume barato na minha camiseta. Mesmo sentindo muita falta dele, não queria ter nada que o lembrasse por perto.

- Mamãe pode jogar essas coisas para o lixeiro recolher?
- Você tem certeza?
- Tenho sim. Não servem para nada.

Entreguei para mamãe uma caixa cheia de ursos, revistas e CDS que Luca tinha me dado. Ela jogou no latão de lixo do lado de fora da casa, mas não parecia o suficiente pra mim. E logo coloquei fogo.

- Hey! Desse jeito a camada de ozônio vai ser destruída mesmo. Tá querendo matar todos nós asfixiados? – Esse era Will , nosso novo vizinho. Ele é até gatinho, mas meio irritante às vezes.
- Vai mesmo cuidar do lixo alheio?
- Só estou querendo salvar o mundo esquentadinha. Tsss!

  Will saiu andando rumo à sua casa verde. Sim sua casa era verde, verde musgo para ser mais exata. Eu nunca fui fã de verde. E a alegria por morar num lugar assim me irritava. Aliás, muita coisa me irritava. Até o som dos pássaros e o barulho da mangueira ligada do senhor Tom molhando a calçada.
 Entro no meu quarto e sinto uma vontade incessante de derrubar alguma coisa. Jogo o vaso de barro que mamãe fez pra mim na parede, e alguns troféus de competições de redação da escola aparecem quebrados debaixo dos meus pés. Respiro fundo enquanto um pedaço de vidro acaricia minha pele fria e se banha em sangue.

As coisas começaram a sair do meu controle. E mamãe não pensou duas vezes ao me colocar numa terapia.
           
- É sério isso? E qual o próximo passo? Me internar? – Perguntei frustrada.
- Lola você está saindo dos limites. Desde que Luca se foi você está, está... – Tenta dizer mamãe, enquanto olha para meu braço enfaixado.
- Tô o que? Louca?
- Diferente.
- Mamãe por favor!
- É para o seu bem minha filha. Não queremos mais vasos quebrados e nem ligações de seus amigos no meio da noite. Estamos todos preocupados com você.
- Deveriam se preocupar com a própria vida.

Mamãe me olha como se eu tivesse dito a maior besteira da minha vida.

- Tudo bem. Eu vou. Mas se eu começar a ficar entediada e ver que isso é perda de tempo, e acredite, eu sei que é, se não resolver nada eu saio daquela sala pra nunca mais voltar.

Entro no prédio com minha calça rasgada e minha camiseta do Guns, calçando meu All Star velho. Depois de fazer o cadastro médico, sento em uma poltrona um tanto desconfortável, com várias pessoas me olhando como se eu fosse louca. Ao meu lado uma mulher chora enquanto abraça uma boneca de pano chamando - a de “minha filha”. E eu me perguntava se realmente precisava estar alí. Alguns minutos depois a recepcionista me chama.
- Lola Mourine, você é a próxima.

A próxima para o que? O abate? A forca? A prisão? O que viria ali pra frente? Meu julgamento? Entrei na sala e me deparei com a imagem de um anjo.