quinta-feira, 21 de julho de 2011

Encontros e reencontros

Uma vez eu andava pela rua e vi um garoto com vários livros nas mãos e uniforme bem arrumado. Um estudante.

Andei mais um pouco e um moço de uns 22 anos mais ou menos, estava com uma pasta em baixo do braço e pegou o Ônibus, certamente ia para a faculdade pois estava com pressa.
Então um carrão parou do meu lado e dele desceu um homem de terno e gravata com uma maleta na mão. Advogado quem sabe! Ele me deu boa tarde e atravessou a rua.

Quando eu estava chegando em casa já quase virando a minha rua, um menino de uns 7 anos de idade me pediu dinheiro para comprar um lanche. Eu não tinha nada para dar a ele e senti um aperto no peito me lembrando dos homens que vi a caminho de casa.

Aquele garoto podia ter a mesma chance que eles.

Talvez um dia ele fosse um grande homem e bem sucedido.

Então olhei para aquela criança e perguntei:

- Você tem um sonho?

Ele mexeu a cabeça dizendo que sim.

- O que quer ser quando crescer?

- Eu quero ser lixeiro que nem meu pai.

Meus olhos encherem d´água e então disse a ele:

- Se você tiver fé, será o que quiser ser, mas tem que fazer isso com sua própria força, não vai ter sempre alguém te dando dinheiro ou comida. Você pode mais que isso.

- Mas estou com fome moço.

- Então venha até minha casa que te darei comida. Mas é só isso que posso fazer por você.

O garoto segurou minhas mãos e me seguiu até em casa.

Eu fiquei pensando em quantas pessoas ele confiou nas ruas, e se eu fosse um pedófilo ou coisa assim? Hoje em dia é tão fácil fazer mal a alguém e ele simplesmente aceitou a entrar na casa de um estranho só para comer. Ele realmente precisava de ajuda.

Alimentei o garoto com pão e leite e então ele foi embora.

15 anos depois eu andava pela rua e vi um rapaz bem vestido com uma pasta em baixo do braço. Ele sem querer esbarrou em mim e disse:

- Desculpe senhor!

Então olhei para ele e não tive dúvidas. Eu o conhecia de algum lugar. Então quando percebeu quem eu era, me deu um abraço e disse:

- Aquele foi o melhor pão com leite que eu já comi. Obrigado. Agora tenho que ir para a faculdade. Faço controle ambiental! Até logo senhor!

Foi a última vez em que vi o rapaz. Mas não foi a última vez em que ele me viu.

Estou cego e em um asilo, mas ele ainda me visita.

Leka Ribeiro

terça-feira, 5 de julho de 2011

O tempo

Muitas vezes o tempo é nosso aliado
Muitas vezes ele é nosso inimigo
Com o tempo aprendemos a esquecer
o nosso momento mais deprimido.

O tempo passa.
Mais quem passa com o tempo?
É hora de entender a vida
e de assumir um sentimento

Nosso tempo é contado em segundos
Minutos passam e logo é hora
De suspirar sem pressa em correr o mundo
Sem pressa de ter que ir embora

Espero que o tempo não me faça esquecer
Momentos em que me senti viva
Espero que o tempo me ajude a entender
porque não quero que o tempo regule minha vida

Leka Ribeiro