Ela não é mais uma menina.
Passou da hora de crescer.
Ela não deixou de acreditar em contos de fadas
Apenas aceitou que príncipes encantados não existem
Ou que talvez ela nunca será uma princesa.
Disseram que ela não poderia
E ela precisou acreditar.
"Para com isso menina e ocupe a cabeça com coisas úteis.
Ninguém te buscará em torre alguma, liberte-se você mesma!"
E ela o fez.
Aprendeu a ficar sozinha.
A não sentir.
Não precisar de ninguém.
A ser ninguém.
O único problema, é que não conseguia desaprender.
"Prenda o cabelo"
"Use batom"
"Use vestido"
"Troca essa roupa"
"Nunca vai ser alguém na vida"
O que fazer com um coração assim?
Olhou no espelho e não se enxergava mais.
"Volta pra mim"
Algo gritava.
Rasgou as regras e vestiu-se de listras
Cacheou o cabelo
Cuspiu no chão e disse "FODA-SE"!
Suas asas começaram a aparecer
Cores por todos os lados
O príncipe não chegaria
Mas quem chegasse teria que aprender
A dividi-la com ela mesma sem reclamar
A lidar com seu jeito meio "Amelie" de ver o mundo
E de escutar as piores musicas e ainda não poder dividir o bacon.
Ela nunca, nunca mais precisou desacreditar ou acreditar.
Era apenas caso de ser.
sábado, 10 de dezembro de 2016
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
Currículo Teatral
Como
atriz:
·
Amor em cores – Lola: Cep em artes
Basileu França; 2010.
·
O baile (Adaptação
do texto O baile do grupo Galpão) – Maria das Graças: Cep em artes Basileu
França; 2011.
·
O Lúdico Circo da
Memória (Adaptação do Texto do Grupo Galpão) – Tiodolinda criança
e Mulher misteriosa: Cep em Artes Basileu França; 2012.
·
Musical Agora é
tarde, Inês é morta (Adaptação do texto original) – Cortesã e Princesa
Constança de Castella: Simpósio Nacional de Musicologia e Encontro de Musicologia
Histórica; Pirinópolis; 2013.
·
Cármen y Cármen
(Adaptação da ópera Cármen de Bizet) – Frasquita: Cep em artes Basileu França;
2014.
·
O estudante (Adaptação
do livro O estudante) – Lídia: Sobreventos produções artísticas; 2014.
·
Era uma vez – Jessie (Toy story)
e Fada Madrinha da Cinderela: Sobreventos produções artísticas; 2014.
·
Fama o Musical – Judy: Cep em Artes
Basileu França; 2014.
·
A Fantástica
Fábrica de Chocolate
– Veruca Salt: Studio Seasons de Ballet; Brasília; 2014.
·
O Mágico de Oz – Glinda e Tia
Emy: Centro de Artes Gustavo Ritter; 2014.
·
Chapeuzinho
Vermelho O Musical
– Chapeuzinho Vermelho: Krya Cia de Teatro; 2015.
·
A Familía Addams O
musical
– Wandinha Addams: Krya Cia de Teatro; 2015.
·
Um sonho de ser
Amy
– O musical - Sarah : Sobreventos
Produções Artísticas; 2016.
·
Cinderela – O
Musical – Anastácia, irmã má : Sobreventos Produções Artísticas; 2016.
·
Alice de volta às
maravilhas – O Musical – Alice: Colégio Imaculada; 2016.
·
O Mágico de Oz – O
Musical
– Dorothy: Colégio Tip Toy; 2016.
·
A Fantástica
Fábrica de Natal
– Fada Clara: Stúdio Kassandrex
Como
assistente de direção:
·
Cármen y Cármen
(Adaptação da ópera Cármen de Bizet) – Frasquita: Cep em artes Basileu França;
2014.
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
Outra Chance - Parte 3
Parte 3
O DOUTOR DEUS.
- Boa tarde
Lola, como você está?
E tem como estar ruim com essa visão do
paraíso? Sério, meu psicólogo era um Deus em forma de gente!
- Estou bem.
Na verdade não sei nem porque eu estou aqui. Olha só minha cara de feliz! –
Abri um sorriso irônico e ele sorriu também. - O que eu tenho doutor? É grave?
Vou precisar colocar a camisa de força?
- Me diz
você. Porque te mandaram aqui?
Respirei
fundo.
- Meus pais
acham que eu surtei desde que meu namorado morreu.
Ele me olhou
como se eu acabasse de dizer algo muito fácil.
- O que foi?
- Fala como
se fosse a coisa mais natural do mundo.
- E não é?
Todos morrerão um dia.
- Com toda
certeza. E como isso te afeta?
- Eu não
estou entendo sua pergunta doutor. Isso aqui virou uma entrevista?
- Lola, eu
entendo o que está tentando fazer, mas uma hora terá que deixar isso tudo sair
de dentro de você.
- De
verdade, não sei do que está falando.
Ele me olhou
torto e anotou alguma coisa na prancheta velha dele.
- Lola, me
diga a primeira coisa que vier a sua cabeça.
Eu ri.
- Desculpa. Como?
- Isso mesmo
que você ouviu. Me diga a primeira palavra que vier a sua cabeça, sem pensar.
Pode ser o que estiver sentindo ou algo que tenha vontade.
- Doutor
como isso vai me ajudar?
- Você é desconfiada
demais. Não me veja como seu doutor, me veja como seu amigo.
- Desculpa
senhor...
- Mendes,
Charlie Mendes. Mas pode me chamar de Charlie.
- Olha, isso
aqui não vai rolar. Desculpa.
Ele olhou
para meu braço enfaixado.
- O que
houve com o seu braço?
- Eu me
cortei com um caco de vidro.
- Algo se
quebrou?
- Não
doutor, eu me cortei. Me cortei de propósito.
Ele anotou.
- Por que
fez isso?
Eu não
consegui responder. Respirei fundo antes que as lágrimas caíssem. Me levantei.
- É melhor
eu ir. – E saí pela porta sem ouvir o que o Deus diria.
Entrei no
primeiro banheiro à minha frente, olhei para o espelho e a imagem de uma garota
desleixada, de cabelos ruivos mal presos e olheiras profundas surgiu na minha frente.
Dei um murro no espelho para aliviar aquela angústia. Quando saí, um garoto
alto e branco como leite, de tênis surrados e camiseta verde musgo apareceu em
minha frente. Só podia ser ele mesmo, Will. O meu vizinho irritante.
-
Esquentadinha! Você por aqui. Finalmente resolveu se internar?
- Se um dia
eu me internar, a culpa vai ser sua.
- Hey! Calma
aí okay? Você não é a única com problemas aqui.
- Você não
sabe o que é ter um problema. Sua vida é perfeita. Você tem tudo e todos que
ama. Então não me peça pra ter calma. Até mais Will.
Saí, e fui andando para casa. Estava sem
paciência até para esperar o ônibus.
Cheguei em casa e subi as escadas sem olhar
para os lados. Papai e mamãe provavelmente estavam sentados no sofá assistindo
suas séries e Rebecca minha irmã mais nova, certamente não me viu chegar por
estar ocupada demais pintando suas unhas. Bati a porta do quarto e então
perceberam minha presença. Me joguei em minha cama e parecia que eu iria
afundar e atravessá-la a qualquer momento com meu peso.
Olhei para o nada por um tempo, imaginando
como seria se eu fosse completamente invisível. Em cima de uma mesinha de canto
ao lado da minha cama, um caderno velho adormecia. Meu diário que apodrecia com
minhas palavras vazias. Era uma das únicas coisas que me faziam bem naquele
momento. Como de costume, o peguei e comecei a escrever para algum ninguém.
domingo, 2 de outubro de 2016
Outra Chance - Parte 2
Parte 2
Leia ouvindo: You Lost Me (Christina Aguilera) https://www.youtube.com/watch?v=WOKI_tIBWVI
Lola, a louca
Já se passaram alguns meses e eu ainda sinto o cheiro do seu
perfume barato na minha camiseta. Mesmo sentindo muita falta dele, não queria
ter nada que o lembrasse por perto.
- Mamãe pode jogar essas coisas para o lixeiro recolher?
- Você tem certeza?
- Tenho sim. Não servem para nada.
Entreguei para mamãe uma caixa cheia de ursos, revistas e
CDS que Luca tinha me dado. Ela jogou no latão de lixo do lado de fora da casa,
mas não parecia o suficiente pra mim. E logo coloquei fogo.
- Hey! Desse jeito a camada de ozônio vai ser destruída
mesmo. Tá querendo matar todos nós asfixiados? – Esse era Will , nosso novo
vizinho. Ele é até gatinho, mas meio irritante às vezes.
- Vai mesmo cuidar do lixo alheio?
- Só estou querendo salvar o mundo esquentadinha. Tsss!
Will saiu andando rumo à sua casa verde. Sim
sua casa era verde, verde musgo para ser mais exata. Eu nunca fui fã de verde.
E a alegria por morar num lugar assim me irritava. Aliás, muita coisa me
irritava. Até o som dos pássaros e o barulho da mangueira ligada do senhor Tom
molhando a calçada.
Entro no meu quarto e
sinto uma vontade incessante de derrubar alguma coisa. Jogo o vaso de barro
que mamãe fez pra mim na parede, e alguns troféus de competições de redação da
escola aparecem quebrados debaixo dos meus pés. Respiro fundo enquanto um
pedaço de vidro acaricia minha pele fria e se banha em sangue.
As coisas começaram a sair do meu controle. E mamãe não pensou
duas vezes ao me colocar numa terapia.
- É sério isso? E qual o próximo passo? Me internar? –
Perguntei frustrada.
- Lola você está saindo dos limites. Desde que Luca se foi
você está, está... – Tenta dizer mamãe, enquanto olha para meu braço enfaixado.
- Tô o que? Louca?
- Diferente.
- Mamãe por favor!
- É para o seu bem minha filha. Não queremos mais vasos
quebrados e nem ligações de seus amigos no meio da noite. Estamos todos
preocupados com você.
- Deveriam se preocupar com a própria vida.
Mamãe me olha como se eu tivesse dito a maior besteira da
minha vida.
- Tudo bem. Eu vou. Mas se eu começar a ficar entediada e
ver que isso é perda de tempo, e acredite, eu sei que é, se não resolver nada
eu saio daquela sala pra nunca mais voltar.
Entro no prédio com minha calça rasgada e minha camiseta do
Guns, calçando meu All Star velho. Depois de fazer o cadastro médico, sento em
uma poltrona um tanto desconfortável, com várias pessoas me olhando como se eu
fosse louca. Ao meu lado uma mulher chora enquanto abraça uma boneca de pano
chamando - a de “minha filha”. E eu me perguntava se realmente precisava estar
alí. Alguns minutos depois a recepcionista me chama.
- Lola Mourine, você é a próxima.
A próxima para o que? O abate? A forca? A prisão? O que
viria ali pra frente? Meu julgamento? Entrei na sala e me deparei com a imagem
de um anjo.
quarta-feira, 20 de julho de 2016
2 da madrugada
Já me vi falando sozinha
Muitas vezes me julguei louca
Não controlo nada do que sai da minha boca.
Essa noite me vi envolvida
Num carinho que não era meu
Então me deixe contar uma historia que não aconteceu.
Não tenho noção da realidade
As paredes se fecham e sufocam
Seus extintos me atiçam mas nada me mostram.
Seu carinho me fez dormir
Enquanto meu peito sorria
Mesmo sem saber o que dali pra frente viria.
Encostei minha alma na sua
Seu perfume na minha camiseta
Aquela estampada com as mangas pretas.
A música me fez acalentar
O que minha mente não calava
Enquanto sua mão pela minha pele deslizava.
Indeciso num ritmo preciso
Seu coração batia forte
Meus lábios tremiam rezando por sorte.
Sorte de encontrar os seus
De termos o mesmo desejo
De não ser só ilusão o que imaginei ser um beijo.
O sono já se fora
A vontade virou fantasia
Qual do dois corações realmente sentia?
Fecho os olhos e destruo o tempo.
Acordo num dia real e cheio de esperança
Contando para o vento apenas uma lembrança.
Letícia Lyns
quinta-feira, 3 de março de 2016
Outra chance - Parte 1
Pra ler ouvindo: https://www.youtube.com/watch?v=3ou8PXfDhFI
"Olha pra um ponto fixo. Mantenha um ponto fixo",
me diziam. Mas sinceramente, como eu manteria o foco em um ponto fixo se tudo
ao meu redor estava girando? Todos pareciam borrões de tinta e meu coração
batia tão rápido que parecia querer saltar pela boca. Senti como se estivesse
em um brinquedo de parque de diversões, daqueles que rodam tão rápido que você
perde o ar e a nitidez da visão. Até que então, finalmente, tudo ficou escuro.
Acordei na cama do hospital algumas horas depois.
- Lola? Lola querida. Sou eu, sua mãe. - Meus olhos apenas
observavam as sombras que surgiam ao meu redor e que iam ficando aos poucos
mais nítidas.
- Mãe? O que.. o que houve?
- Você levou um susto um tanto grande...
- Susto? Que... que tipo de susto?
Mamãe me olhou de um
jeito estranho como se tivesse algo muito importante e ao mesmo tempo muito
difícil pra me contar. E comecei a me assustar outra vez.
- Mãe? Ta tudo bem mesmo? - Pensei em Luca - E o Luca? Vocês
o avisaram que eu estou aqui? Mãe, ele precisa saber, íamos nos encontrar hoje
e... - Mamãe começou a chorar do nada, enquanto papai surgia atrás dela, um
pouco mais sereno.
Papai sempre teve um
pouco mais de estrutura emocional do que a mamãe e eu juntas. Mas eu percebi
que algo estava realmente errado, quando ele sentou na beirada da cama de
hospital que eu estava, segurou minhas mãos e apertou forte.
- Pai?
- Filha, o Luca... ele...
- O que tem o Luca? O que... o que tem meu namorado? –
Comecei a me desesperar.
- Filha o Luca e você sofreram um acidente...
- E onde ele tá pai? Onde ele tá? – Me afobei.
- Filha... por favor tenha um pouco de... – Me olhou – O que
estou dizendo? Não posso te pedir isso. Filha o Luca morreu. Ele foi
arremessado pelo vidro do carro, eu sinto muito meu bem.
Fiquei sem acreditar. Não era possível. O meu Luca. O meu
amor. O cara que mais me fez feliz na vida, estava morto.
- Não. Não é verdade... ele... não... pai...?!
- Eu sei meu bem, sinto muito. – Papai me abraçou forte
enquanto as lágrimas tomavam conta do meu rosto e uma dor insuportável,
dominava meu coração. Eu quis gritar, mas até minha voz me abandou naquela
hora.
Sai do hospital e
todos me viam como uma vitoriosa, por ter sobrevivido a um acidente daqueles.
Mas eu não me sentia assim. Parte de mim havia morrido ali. Não queria ir ao
enterro, mas todos contavam com minha presença. Escrevi uma carta para que
todos soubessem o tamanho do nosso amor.
“Parte de mim morreu
com o Luca. Meu amor. Aquele que me completava. Aquele que sabia melhor do que
ninguém todas as minhas alergias e quais molhos eu mais gostava no sanduíche. O
cara que me levou no mirante pra ver o pôr do sol, mesmo sabendo que iria
chover e ficaríamos ensopados. O cara que me fazia rir até com as piadas mais
sem graças do mundo. O cara que me pediu em casamento naquele mesmo dia, sem eu
ter a chance de dizer, sim. Mas tudo bem, porque eu sei que em algum lugar,
algum dia, nós vamos nos encontrar outra vez, e você vai estar com aquele mesmo
sorriso lindo que me fez ficar completamente apaixonada. E você pode ter
certeza que eu fui a mulher mais feliz do mundo por ter tido a dádiva de ser
sua por todo esse tempo. Te amarei pra sempre seu branquelo. De todas as
maneiras possíveis, em todas as línguas possíveis. Porque eu sei que não
importa onde você esteja, meu amor vai chegar até você.”
O dia era ensolarado e o céu parecia alegre. E não podia ser
diferente, afinal, ele acabou de receber um anjo.
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