sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Borboletas




- Por que todo esse silêncio?

- Estou tentando ouví-las.

- Quem?

- As borboletas.

- Borboletas? Mas, borboletas não fazem barulho. E além do mais, não estou vendo nenhuma borboleta por aqui. Você ta ficando doida.

- Larga de ser bocó! Elas estão aqui, não consegue ouví-las?

 Coloquei a mão dele na minha barriga. Ele me olhou como se eu fosse uma louca. E depois sorriu, e lentamente foi se aproximando do meu rosto. Então me beijou.

- Você é linda sabia?

- Eu amo você.

Os olhos dele brilharam como se um monte de estrelinhas estivessem piscando dentro deles. Sorriu.

- Acho que agora você ouviu as borboletas.


Letícia Lyns



terça-feira, 13 de outubro de 2015

Eu não sei dizer adeus

Você pode escutar a lista de reprodução da cantora Birdy, enquanto lê esse texto. 

Se você já teve que dizer adeus a um amor, você sabe do que eu estou falando.

 É meio complicado quando somos extremamente sensíveis e nos apaixonamos por alguém que acaba nos deixando. Seja qual for o motivo.

  Sabe, eu sou geminiana. E muitos dizem que geminianos não são de se apegar, e que muito dificilmente se apaixonam. Mas isso não aconteceu comigo. Eu me apeguei tão rápido quanto quando pegamos no sono depois de um dia exaustivo de trabalho. Eu quis me entregar pela primeira vez depois de muito tempo. Me senti segura nos braços dele. Me senti amada. Me senti especial e querida. De um jeito que eu não consigo explicar.
  Mas como tudo o que é bom na minha vida, ele vai embora. E isso nos rendeu ter que acabar com a coisa mais linda que me aconteceu nesses últimos meses. O nosso relacionamento. E eu nunca fui boa em despedidas ou em términos, normalmente eu sempre deixo as coisas pela metade ou faço com que durem muito mais tempo, mas nunca gostei de finais.
  Por mais que ele me diga pra não pensar que é o fim de tudo e pra não pensar em ultima vez, eu sei que também não estou nos planos de recomeço dele. E que voltar a ser aquela menina meiga, e doce que eu conseguia ser com ele, não vai ser fácil. Porque esse é o meu jeito de encarar a dor, o meu jeito de esquecer, de não chorar toda vez que eu lembrar que ele não vai estar me esperando no fim da tarde depois que eu voltar da faculdade, ou que não vamos mais nos encontrar no parque pra ver as estrelas deitados na grama penicando e deixando ele todo empolado e mesmo assim esquece os insetos e a alergia pra me abraçar e me beijar.
  Eu sei que ele não vai me querer mais como namorada. Sei também que talvez nunca tenha querido, ou até quis mas, depois isso foi ficando cada vez mais em ultimo plano até não estar em plano nenhum. E isso dói. Porque ele estava na maioria dos meus. A gente acaba se machucando quando ama demais. Eu sei. Mas gosto de lembrar o quanto eu ficava feliz quando ele me abraçava forte, me beijava e dizia que me amava antes de eu voltar pra casa no fim da noite, e ai ele dizia: me avisa quando chegar, todo preocupado kk. E em como ele ria quando eu falava alguma burrice. E como seus olhos brilhavam quando ele falava de vida em outras dimensões, ou em como estava indo bem no trabalho. E como ele viajava tocando seu violão velho. Ou como ele ficava mole e todo manhoso depois da gente fazer amor. Então me abraçava e cochilava enquanto eu o olhava sem saber se ele estava feliz. Mas acreditando que sim.
 Eu acreditei em muita coisa. Acreditei que Deus tinha finalmente me presenteado com o amor da minha vida, como o homem que ia somar comigo e fazer todas as cicatrizes que meu coração tinha, se curarem pra sempre. Mas outra vez, os planos Dele não eram os mesmos que os meus. Meu amor vai embora. E a incerteza de um reencontro corrói todos os dias o meu coração mole, que vai se resfriando a cada dia mais, com as lágrimas que antes eu deixava sair, e agora se congelam no meu peito.
  Tento ocupar minha cabeça com o máximo de atividades, foco nas coisas que eu quero pra mim. Passo mais tempo com os meus amigos e até faço coisas que eu não imaginava que chegaria um dia fazer. Mas nada parece tirar as lembranças da minha cabeça. Nada supre a falta dele. Ainda são 21 dias sem ser chamada de "meu amor", 21 dias desde que ele me deu a noticia. 21 dias desde que  um pedaço do meu coração foi arrancado a força. O pedaço mais bonito. E 16 dias desde nosso ultimo beijo. O beijo que eu pensava nunca ter que dar. O ultimo. E aquele que eu mais vou sentir falta.
  Ele diz pra eu aprender a amar ficar comigo mesma. Sim, eu sei, e eu ja estou amando. Só que eu não consigo fazer carinho nas minhas costas, ou beijar meu pescoço, nem fazer cafuné carinhosamente enquanto cochilo, não consigo me beijar delicadamente enquanto me olho nos olhos. Eu não sei fazer essas coisas sabe..?!
  Acho que eu nunca disse pra ele essas coisas. O quanto a falta dele vai mudar tudo na minha vida. Tão cedo vou conseguir sentir o que eu senti com ele. Tão cedo alguém vai me ver dizendo que meu pó de pirlimpimpim acabou, ou que eu viajo numa nave todas as noites, sem me achar uma doida. Tão cedo alguém vai acha minhas dobrinhas sexys e me fazer acreditar nisso. Tão cedo eu vou olhar alguém com o mesmo brilho nos olhos e a mesma sensação no estômago. Mas é assim, tudo o que é bom dura pouco não é?! Pelo menos na minha vida sempre foi assim. Todas as pessoas que perdi pro tempo, um dia me fizeram rir e até chorar de alegria.
  Não é que eu dependa dele pra ser feliz. Não mesmo. Mas é que com ele as coisas eram mais interessantes e tudo parecia mais bonito. Agora, neva dentro de mim. E raramente me sinto bem assistindo romances ou vendo casais felizes na rua. Apenas coloco minhas mãos no bolso, meu chapéu, os fones de ouvido e tento pensar nas cenas do filme de suspense que assisti de madrugada. Ou na aula cansativa da faculdade. Essas coisas não fazem querer um abraço e ouvir um "até amanhã meu bem". Elas só me distraem. É só o que eu preciso agora.

 Eu o amei em cada segundo, como as flores amam a chuva. Como o vento ama as nuvens. Como Pássaros amam cantar. Como estrelas amam o céu. Como o céu ama as suas estrelas. Amei como se fosse a primeira e ultima vez que fosse amar alguém. Amei como uma criança ama brincar. Amei como talvez nunca alguém tenha o amado. Amei como um dia eu desejei ser amada.

Foi o infinito mais bonito que eu poderia ter vivido.

Não sei ele, mas em meu coração esse infinito sempre viverá.

 Muita coisa pode acontecer daqui pra frente, e as nossas vidas talvez nunca mais se cruzem. Mas em meus sonhos, sempre em que eu estiver naquele campo sereno do qual chamo de lar espiritual, eu vou vê-lo sentado de baixo da arvore grande com o violão na mão tocando Kiss me, enquanto eu quanto olhando naqueles seus olhos castanhos mais profundos que o azul do mar.

  É que talvez eu não saiba dizer adeus, como as pessoas normais conseguem. Ou transbordo em lágrimas, ou elas congelam no meu peito. E também muita gente acredita e deseja um final feliz. Eu prefiro acreditar que não existe um final.