Cap1-
Tragédia em alto mar
O mar estava calmo. Os
peixes pulavam de um lado para o outro, enquanto Dill analisava pela 20°vez seu
mapa do tesouro. Ela acreditava que o caminho indicado pelo mapa, a levaria
para um lugar maravilhoso e cheio de mistérios que valiam a pena desvendar. Um
lugar mágico que era ponto principal, em histórias que ela não sabe onde ouviu,
mas sempre as teve na memória.
- Dill!
Para de sonhar garota e venha me ajudar com essas tralhas! – Berrou o pirata Jhay.
- Sim papai. Quer dizer, capitão. – Disse Dill – E
o que temos dessa vez? Espadas de prata perdidas? Cálices de ouro?
Jhay McCartney
era um dos piratas mais procurados da Inglaterra, mas para Dill, era seu melhor
amigo, e um dos melhores marinheiros que já cruzou os sete mares. Ele era seu
pai. Seu mestre. Seu capitão.
Com um
olho de vidro, uma perna de pau com o nome Selene gravado com um coração
cortado em uma flecha, e uma das mãos faltando o polegar, Jhay tinha uma
aparência de fazer qualquer homem andar na prancha. Mas isso, não denunciava
quem realmente o capitão era.
- Bem que poderia oficial. Mas já recolhemos todas
as riquezas que afundaram nessas águas. Só nos restaram essas bugigangas. – Diz
Jhay jogando na mesa de sua cabine um espelho de pérolas e um cinturão com uma
caveira de metal.
Dill pega o
cinturão e o coloca na cintura, mas quando pega o espelho, seu pai a repreende,
pegando o espelho.
- Despacha isso, yo-ho! Lobos do mar não precisam
saber como são. – Disse Jhay.
- Quando vou liderar minha primeira expedição?
Precisamos mudar o rumo das coisas. Procurar novas rotas, novos
mares.....lugares que valem a pena serem explorados! – Diz Dill, esperançosa.
- Lá vem você outra vez com essa história de
encontrar aquele lugarzinho cheio de armadilhas. Sua mãe só falava disso. –
Disse Jhay.
- Minha mãe? Ela sabia onde ficava? Era ela que me
contava as histórias não era? Você nunca fala dela. Como era minha mãe? Ela era
bonita?
- Santa Jolly Roger! Por que vocês piolhos do mar
fazem tantas perguntas?
- Eu não faria se você me falasse mais de minha
origem.
-Você não precisa saber. Vá....diga aos marujos
que seguiremos ao Sul. Vamos procurar esse tal lugar. Se é que ele existe
mesmo.
Dill abre
um grande sorriso e abraça o pai agradecendo-o. Então volta para dar a notícia
aos tripulantes.
- Atenção homens! – Grita Dill.
- E que aventura teremos dessa vez Bulcanera Dill?
– Perguntou Jared, o melhor amigo de Dill, sendo o mais novo dos piratas e
tendo a mesma idade de Dill(16).
- Meu caro, finalmente terá emoção nesse navio. O
Viúva Negra terá a honra de navegar em direção ao lugar mais incrível das
histórias náuticas. –Responde Dill animada - Homens! Virar ao Sul! Rumo ao Vale
dos Diamantes.
O céu começou a
escurecer e as nuvens estavam horripilantes. Tudo estava dando certo, até que
uma tempestade se formou.
- Isso não está cheirando bem. – Disse Calleman,
um marujo.
- Ignore Call, somos amantes da água, e ela não
irá nos atingir. – Disse George, o pirata de pernas trocadas.
- Não tenha tanta certeza marujo. Podemos até ser
amigos do mar, e da água, mas quem garante que eles são nossos amigos? – Disse
o capitão.
Os piratas
ficaram assustados, enquanto Capitão Jhay com sua velha garrafa de run caiu na
gargalhada.
Enquanto
isso, nossa aventureira revirava as caixas que seu pai escondia na cabine.
Encontrou poemas e declarações de amor, de seu pai para Selene. Também
encontrou um medalhão. Era um tridente, símbolo usado para avisar aos pescadores
que naquele local, haviam sereias. No objeto de bronze, estavam gravadas as
iniciais JSD. Sem perceber que seu pai entrara na cabine, Dill susurra:
- Mãe?
- O que está fazendo criança? – Perguntou o pai.
- Capitão...o nome em sua perna de pau...Selene...era...era
minha mãe?
- Não consigo esconder nada de você não é mesmo
piolhentinha?
- Parece que não.
- Selene era sua mãe. E se parecia muito com você.
- E como ela era?
- Encantadora! A sereia mais linda que já vi, em
todos esses anos no mar.
A menina se
espanta ao ouvir a palavra sereia. Sua mãe era uma criatura marinha?
- Como...como assim? Minha mãe, ela...era uma
sereia?
- Sim, qual o espanto?
- Por que você nunca me contou que minha mãe era
uma criatura medonha e assassina?
- Você está com medo de sua própria mãe? Que
pirata é você que tem medo de criaturas do mar? Nem todas as criaturas no
mundo, carregam maldade em seus corações!
- Eu não disse isso. Mas, sereias são malignas,
lindas, mas malignas. E se eu for...
- Sua mãe era diferente. Ela tinha o coração mais
puro que água. Sua voz era encantadora. Por isso me apaixonei por ela. E você é
perfeita como ela.
Dill fica paralisada, ainda sem acreditar.
- Sempre que podia, sua mãe vinha até o convés
para te visitar. Como você sabe, sereias podem virar humanas quando saem da
água. Era o que acontecia com sua mãe. Ela vinha te contar histórias, namorar
um pouco, mas teve um dia que ela precisou partir.
- Partir pra onde?
- Não sei. Ela não disse. Mas disse que voltaria
pra te ver. Mas há 12 anos não a vejo. Ela nunca mais apareceu, desde aquele
dia.
- Então, é por isso que nunca saímos das águas
inglesas? Você ainda tinha esperanças de que ela aparecesse não é?
O capitão assente. Uma lágrima escorre em seu
rosto, e Dill a limpa carinhosamente.
- Um lobo do mar chorando? Essa é nova pra mim.
O capitão sorri.
- Chega dessa lábia! – Diz ele.
Do lado de fora da cabine ouve-se trovões, e
luzes. Até que gritos alertam pai e filha.
- Que barulho é esse? Já não me bastam os berros
celestes?
- Capitão, a tempestade está se aproximando muito
rápido. Veja o senhor mesmo. – Diz George, apontando para o que parecia ser uma
onda gigante em direção ao Viúva Negra.
- Marujos! Virar a este bordo. Deixe que o mar nos
leve. – Gritou o capitão.
- Mas capitão! Ainda é cedo pra eu virar comida de
peixe. – Diz Calleman.
- Você não confia em si homem? Tem seu Cacifo de
Davy Jones desde quando se tem por gente. Prefere morrer como um covarde? –
Perguntou o Capitão.
O homem
nega.
As palavras
do velho capitão não foram muito úteis. O medo dos tripulantes veio com razão.
A onda atingiu em cheio o navio, deixando vários homens ao mar. Inclusive o Jhay.
- Pai! – Gritou Dill.
- Lobinha do mar se salve! Não se preocupe comigo,
vou ver sua mãe finalmente! – Gritou Jhay quase se afogando.
- Não! Salvem o capitão! Homem ao mar, homem ao
mar!
- Tem muitos homens ao mar, você quer uma mulher
lá também? – perguntou Jared, tentando salvar a amiga.
Dill se
agarra em Jared que a leva para a cabine inferior do navio, o lugar mais seguro
em um naufrágio.
Vários
homens morreram naquele dia. Inclusive o capitão. Dizem que suas últimas
palavras foram ´´ Cuide bem da minha filha seu flibusteiro nanico´´, para
Jared, e ´´Siga seu destino filha, depois jogue algumas pedras brilhantes no
mar para seu pai. Não se esqueça de sua mãe, quando você encontrá-la, será como
se estivesse se olhando no espelho.´´
Seria mais fácil se Dill, já tivesse se olhado no
espelho.
Vários homens se salvaram, entre eles, George,
Call e Jared. Eles preferiram seguir cada um o seu caminho, deixando os anos
passarem e a pele envelhecer.