domingo, 19 de abril de 2015

Dill McCartney em busca do Vale dos Diamantes




            Cap1- Tragédia em alto mar

 O mar estava calmo. Os peixes pulavam de um lado para o outro, enquanto Dill analisava pela 20°vez seu mapa do tesouro. Ela acreditava que o caminho indicado pelo mapa, a levaria para um lugar maravilhoso e cheio de mistérios que valiam a pena desvendar. Um lugar mágico que era ponto principal, em histórias que ela não sabe onde ouviu, mas sempre as teve na memória.

 - Dill! Para de sonhar garota e venha me ajudar com essas tralhas! – Berrou o pirata Jhay.

- Sim papai. Quer dizer, capitão. – Disse Dill – E o que temos dessa vez? Espadas de prata perdidas? Cálices de ouro?

 Jhay McCartney era um dos piratas mais procurados da Inglaterra, mas para Dill, era seu melhor amigo, e um dos melhores marinheiros que já cruzou os sete mares. Ele era seu pai. Seu mestre. Seu capitão.
  Com um olho de vidro, uma perna de pau com o nome Selene gravado com um coração cortado em uma flecha, e uma das mãos faltando o polegar, Jhay tinha uma aparência de fazer qualquer homem andar na prancha. Mas isso, não denunciava quem realmente o capitão era.

- Bem que poderia oficial. Mas já recolhemos todas as riquezas que afundaram nessas águas. Só nos restaram essas bugigangas. – Diz Jhay jogando na mesa de sua cabine um espelho de pérolas e um cinturão com uma caveira de metal.

 Dill pega o cinturão e o coloca na cintura, mas quando pega o espelho, seu pai a repreende, pegando o espelho.

- Despacha isso, yo-ho! Lobos do mar não precisam saber como são. – Disse Jhay.

- Quando vou liderar minha primeira expedição? Precisamos mudar o rumo das coisas. Procurar novas rotas, novos mares.....lugares que valem a pena serem explorados! – Diz Dill, esperançosa.

- Lá vem você outra vez com essa história de encontrar aquele lugarzinho cheio de armadilhas. Sua mãe só falava disso. – Disse Jhay.

- Minha mãe? Ela sabia onde ficava? Era ela que me contava as histórias não era? Você nunca fala dela. Como era minha mãe? Ela era bonita?

- Santa Jolly Roger! Por que vocês piolhos do mar fazem tantas perguntas?

- Eu não faria se você me falasse mais de minha origem.

-Você não precisa saber. Vá....diga aos marujos que seguiremos ao Sul. Vamos procurar esse tal lugar. Se é que ele existe mesmo.

 Dill abre um grande sorriso e abraça o pai agradecendo-o. Então volta para dar a notícia aos tripulantes.

- Atenção homens! – Grita Dill.

- E que aventura teremos dessa vez Bulcanera Dill? – Perguntou Jared, o melhor amigo de Dill, sendo o mais novo dos piratas e tendo a mesma idade de Dill(16).

- Meu caro, finalmente terá emoção nesse navio. O Viúva Negra terá a honra de navegar em direção ao lugar mais incrível das histórias náuticas. –Responde Dill animada - Homens! Virar ao Sul! Rumo ao Vale dos Diamantes.

 O céu começou a escurecer e as nuvens estavam horripilantes. Tudo estava dando certo, até que uma tempestade se formou.

- Isso não está cheirando bem. – Disse Calleman, um marujo.

- Ignore Call, somos amantes da água, e ela não irá nos atingir. – Disse George, o pirata de pernas trocadas.

- Não tenha tanta certeza marujo. Podemos até ser amigos do mar, e da água, mas quem garante que eles são nossos amigos? – Disse o capitão.

 Os piratas ficaram assustados, enquanto Capitão Jhay com sua velha garrafa de run caiu na gargalhada.

 Enquanto isso, nossa aventureira revirava as caixas que seu pai escondia na cabine. Encontrou poemas e declarações de amor, de seu pai para Selene. Também encontrou um medalhão. Era um tridente, símbolo usado para avisar aos pescadores que naquele local, haviam sereias. No objeto de bronze, estavam gravadas as iniciais JSD. Sem perceber que seu pai entrara na cabine, Dill susurra:

- Mãe?

- O que está fazendo criança? – Perguntou o pai.

- Capitão...o nome em sua perna de pau...Selene...era...era minha mãe?

- Não consigo esconder nada de você não é mesmo piolhentinha?

- Parece que não.

- Selene era sua mãe. E se parecia muito com você.

- E como ela era?

- Encantadora! A sereia mais linda que já vi, em todos esses anos no mar.

 A menina se espanta ao ouvir a palavra sereia. Sua mãe era uma criatura marinha?

- Como...como assim? Minha mãe, ela...era uma sereia?

- Sim, qual o espanto?

- Por que você nunca me contou que minha mãe era uma criatura medonha e assassina?

- Você está com medo de sua própria mãe? Que pirata é você que tem medo de criaturas do mar? Nem todas as criaturas no mundo, carregam maldade em seus corações!

- Eu não disse isso. Mas, sereias são malignas, lindas, mas malignas. E se eu for...

- Sua mãe era diferente. Ela tinha o coração mais puro que água. Sua voz era encantadora. Por isso me apaixonei por ela. E você é perfeita como ela.

Dill fica paralisada, ainda sem acreditar.

- Sempre que podia, sua mãe vinha até o convés para te visitar. Como você sabe, sereias podem virar humanas quando saem da água. Era o que acontecia com sua mãe. Ela vinha te contar histórias, namorar um pouco, mas teve um dia que ela precisou partir.

- Partir pra onde?

- Não sei. Ela não disse. Mas disse que voltaria pra te ver. Mas há 12 anos não a vejo. Ela nunca mais apareceu, desde aquele dia.

- Então, é por isso que nunca saímos das águas inglesas? Você ainda tinha esperanças de que ela aparecesse não é?

O capitão assente. Uma lágrima escorre em seu rosto, e Dill a limpa carinhosamente.

- Um lobo do mar chorando? Essa é nova pra mim.
O capitão sorri.

- Chega dessa lábia! – Diz ele.

Do lado de fora da cabine ouve-se trovões, e luzes. Até que gritos alertam pai e filha.

- Que barulho é esse? Já não me bastam os berros celestes?

- Capitão, a tempestade está se aproximando muito rápido. Veja o senhor mesmo. – Diz George, apontando para o que parecia ser uma onda gigante em direção ao Viúva Negra.

- Marujos! Virar a este bordo. Deixe que o mar nos leve. – Gritou o capitão.

- Mas capitão! Ainda é cedo pra eu virar comida de peixe. – Diz Calleman.

- Você não confia em si homem? Tem seu Cacifo de Davy Jones desde quando se tem por gente. Prefere morrer como um covarde? – Perguntou o Capitão.

  O homem nega.

 As palavras do velho capitão não foram muito úteis. O medo dos tripulantes veio com razão. A onda atingiu em cheio o navio, deixando vários homens ao mar. Inclusive o Jhay.

- Pai! – Gritou Dill.

- Lobinha do mar se salve! Não se preocupe comigo, vou ver sua mãe finalmente! – Gritou Jhay quase se afogando.

- Não! Salvem o capitão! Homem ao mar, homem ao mar!

- Tem muitos homens ao mar, você quer uma mulher lá também? – perguntou Jared, tentando salvar a amiga.

 Dill se agarra em Jared que a leva para a cabine inferior do navio, o lugar mais seguro em um naufrágio.

 Vários homens morreram naquele dia. Inclusive o capitão. Dizem que suas últimas palavras foram ´´ Cuide bem da minha filha seu flibusteiro nanico´´, para Jared, e ´´Siga seu destino filha, depois jogue algumas pedras brilhantes no mar para seu pai. Não se esqueça de sua mãe, quando você encontrá-la, será como se estivesse se olhando no espelho.´´

Seria mais fácil se Dill, já tivesse se olhado no espelho.

Vários homens se salvaram, entre eles, George, Call e Jared. Eles preferiram seguir cada um o seu caminho, deixando os anos passarem e a pele envelhecer.