segunda-feira, 25 de março de 2013

Bardos da Paixão e da Alegria - John Keats







Ó Bardos da Paixão e da Alegria,


Vós deixastes na Terra as vossas almas!

Tentes almas também no paraíso,

Que vivem outra vez em regiões novas?

Sim, e comungam as do paraíso,

Com as esferas do Sol e com as da Lua;

Com o sussurro de fontes admiráveis

E com as vozes que falam no trovão;

Com o murmúrio das árvores do céu

E uma com outra, em doce bem-estar

Nos elíseos reuvados assentados,

Onde cheiram a rosa as margaridas

E a própria rosa adquire uma fragrância,

Um odor que na terra não existe;

Onde gorjeia o rouxinol um canto

Nem sem sentido, nem como que em transe,

Mas divina verdade melodiosa;

E contos e douradas narrações

Que versam sobre o céu e os seus mistérios.

Assim viveis lá em cima, e ao mesmo tempo

Aqui na Terra vós viveis de novo;

E as almas que deixastes ao partir

Ensinam-nos, aqui, como encontrar-vos

Onde se alegram vossas outras almas

Sem nunca adormecer, nunca saciar-se.

Vossas almas terrestres aqui falam

Aos homens, sempre, da semana breve,

Das mágoas que eles têm, de seus prazeres,

E de suas paixões e de seus ódios,

De sua glória e da vergonha sua,

Do que dá forças e do que mutila.

Assim nos ensinais sabedoria

Diariamente, apesar de ter-vos ido.




Ó Bardos da Paixão e da Alegria,

Vós deixastes na Terra as vossas almas!

Tendes almas também no paraíso,

Que vivem outra vez em regiões novas!






John Keats

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